sexta-feira, 10 de junho de 2016

A Constelação Familiar e os rituais das Artes Marciais Orientais: conquistando a ordem do amor e a harmonia sistêmica.




 



                                                  





por  Leonardo de Paiva



Sistematizada por Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão), a Constelação Familiar ou Sistêmica vem, a cada dia, tendo mais aceitação dos terapeutas e do público em geral. Hellinger percebeu que em várias gerações, assim como somos tomados pela aparência dos nossos familiares, seus dons, etc, também se repetiam situações de perdas, sofrimentos, doenças, nas quais as pessoas nem percebiam estar envolvidas devido à inconsciência dessas ligações psicomorfogenéticas. Esse fenômeno, ainda pouco compreendido, já havia sido descrito anteriormente por Levy Moreno, criador do psicodrama. 

Algumas hipóteses têm sido levantadas na tentativa de melhor compreensão dos fenômenos da Constelação Familiar, como a teoria da evolução dos "campos morfogenéticos", formulada pelo biólogo britânico Rupert Sheldrake e os conceitos da Física Quântica como o da não localidade, mas ainda observamos dificuldade de entender os fenômenos dessa maravilhosa ferramenta de harmonização, não obstante ficando clara a eficácia, profundidade e rapidez das respostas terapêuticas.


Em 2005, a partir de vivências de Constelação Familiar, em um dos nossos grupo de estudos, facilitado pelo terapeuta Cesar Valença, na UNATE, apaixonei-me pela eficácia, simplicidade e rapidez das respostas de harmonização, desta terapia sistêmica

Neste mesmo período completávamos a sistematização do Método TACAI – Terapia Acupuntural e Alquimia Integrados, da Universidade Aberta do Terapeuta - UNATE.
http://unat-aban.blogspot.com.br/p/metodo-tacai.html

Estimulado por estas experiências com a constelação familiar sugeri ao grupo de estudo que sistematizava o método TACAI a inclusão da Constelação Familiar como do Kyusho Terapêutico, terapia alicerçada nas artes marciais orientais, considerando que, pelo menos um dos pilares da Constelação Familiar, - a necessidade da observação da hierarquia dentro do grupo ou clã - era também, elemento integrante da ritualística e filosofia das artes marciais orientais e que este aspecto muito contribuiria com a obtenção de uma ordem sistêmica, a ordem do amor.


Princípios básicos da Constelação Sistêmica  ou Familiar


 Bert Hellinger, enumerou três aspectos importantes a serem observados, na obtenção da “ordem” sistêmica. (ordens do amor)


1 - A necessidade de pertencer a família, ao grupo ou clã;


2 - A necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos;


3 - A necessidade de uma hierarquia dentro do grupo ou clã, quem chegou primeiro.

Segundo Hellinger  fruto do amor de um casal são os seus filhos. Esta ordem dá suporte à precedência dos pais com relação aos filhos, dos filhos mais velhos sobre os mais novos.( Hierarquia, quem veio primeiro)




Em uma família os pais já estavam lá antes dos filhos. O seu amor de um pelo outro, fundaram a família, e vem antes do seu amor para com os seus filhos. Segundo o sistematizador dessa visão terapêutica sistêmica, a inobservância desta ordem acarretara em desarmonias.



Nas artes marciais orientais, esta valorização da hierarquia é bem observada. É uma das formas de aprendizado, o respeito a quem veio primeiro. Quem tem precedência é quem está a mais tempo na prática. Os mais antigos e graduados ficam a direita, nas formações dos treinos e nos rituais de reverência aos mestres, além desse principio a ideia de pertencimento e reciprocidade em dar e receber são aspectos bem valorizados, na prática das artes marciais orientais





Observem os exemplos da ordem hierárquica nas artes marciais chinesas e japonesas:


Nas artes marciais chinesas: 

Categoria de estudante ou discípulos

1. Si-Dei - Irmão mais novo; 2. Si-Mui - Irmã mais nova; 3. Si-Hing - Irmão maior; 4. Si-Je - Irmã maior. 


Categoria de instrutores 

1. Si-Sok - Irmão menor de Si-Fú (instrutor de menores); 2. Si-Pak - Irmão maior de Si-Fú (instrutor de maiores); 3. Si-Mo -Esposa de Si-Fú.  


Mestre:

1. Si-Fú - Mestre, pai de Kung Fu.




Nas artes marciais japonesas:

No judô, karatê, Aikido, as faixas demonstram o tempo de prática e a evolução do conhecimento do praticante que a ostenta, por este motivo nunca deve-se pedir uma graduação ao seu Sensei (professor), pois ele saberá quando é a hora certa de lhe promover para a próxima graduação. Um Kohai (menos graduado) deve sempre respeitar o seu Sempai (mais graduado). 
 
 



Nas formações para a reverência antes e depois de cada treino, o professo fica à frente, seguido do aluno mais antigo, logo atrás e depois em fila, obedecendo-se a ordem de antiguidade e graduação dos demais alunos, seguindo a hierarquia da direita para esquerda. 
 

Observa-se, claramente, a similitude do pensamento da ordem sistêmica da Constelação Familiar com a das artes marciais orientais. A própria ritualística das artes marciais aponta para esta construção de respeito para com quem veio primeiro, no comportamento respeitoso ao ambiente de prática da arte, ao professor e parceiros de treinos mais antigos. Identifica-se o professor como o representante do arquétipo do pai, o "dojo", local de treino como o ventre da mãe, no processo de construção do novo ser,  os colegas mais antigos como os irmãos mais velhos, os mais novos como irmãos menores de uma família.


Reverência ao Shomen (espécie de altar, reservado para fotos dos professores daquela escola de artes marciais).




Na condição de praticante de artes marciais há mais de 50 anos e de professor de Karatê e Judô, há mais de 30 anos, observei que a maioria dos praticantes das artes marciais, que iniciam e dão continuidade a esta prática e filosofia de vida, até galgar a condição de professores ou de alunos graduados, tiveram algum tipo de desarmonia com as figura arquetípica paterna e ou materna, mais paterna (pais, irmão mais velho, chefe), emaranhamentos, ausência, conflitos... e a prática das artes marciais têm um papel crucial, na obtenção da “ ordem” sistêmica desse campo. 

 
Pai e filho em prática.

O fato de realizar a famosa reverência, típica da cultura oriental, respeitar a hierarquia, característica das artes marciais, coloca o praticante em sintonia com a ordem familiar, institucional ou de uma empresa, conduzindo-o gradualmente, a uma sensação de equilíbrio, paz e plenitude, pois organiza, morficamente, a hierarquia na familiar, empresa, grupo social.

 Resultado de imagem para comprimento nas artes marciais


 Os aspectos  de similitudes
( Constelações e Artes Marciais Orientais)

Bert Hellinger costuma fazer com que seus clientes realizem uma reverência, muito parecida com a das artes marciais, quando existe distorção na hierarquia familiar, conduzindo a uma reflexão que normalmente leva ao equilíbrio da ordem parental.

Tanto na ritualística das Artes Marciais Orientais como na Constelação Sistêmica ou Familiar se é conduzido a uma nova ordenação do sistema , que indica o lugar mais libertador de cada membro familiar ou de cada setor empresarial ou ainda cada pessoa no contesto social que estava em conflito.

Uma vez os membros ordenados (respeitados) a reconciliação se manifesta no nível quântico, o que faz surgir na pessoa que foi trabalhada um profundo sentido de respeito, sem julgamento entre bom e mau, onde até vítimas e perpetradores se encontram num resgate mútuo profundo.

Na prática constante das Artes Marciais Orientais essas mudanças são evidenciadas subliminarmente e gradativamente, com a incorporação do tratamento respeitoso aos mestres , colegas , ambiente de  treino.  
 
Na Constelação Familiar ou Sistêmica essas mudanças surgem de forma ainda mais rápida, pois são evidenciadas de forma, absolutamente conscientes, as necessidades de ressignificações, equilíbrio, reconhecimentos ... 

Nas Constelações Familiares ou Sistêmicas para se implementar as reconciliações e ressignificações utiliza-se algumas ferramentas como: “fileira dos ancestrais”, “reverência” e “deitar-se diante dos mortos”.

Estes rituais, da mesma forma que os rituais nas escolas de artes marciais, desempenham um papel importante, pois neles experimentamos funções anímicas que são transmitidas aos membros da família, empresa, relações sociais.

Fileira dos Ancestrais – coloca-se uma fileira de antepassados para serem honrados, a fim de promover o respeito por quem veio antes.



Reverência - inclinar-se com respeito a alguém.



Deitar-se diante dos mortos - Representando um respeito profundo pela dor de quem já partiu. Ao mesmo tempo ressignificando e se desindentificando com esta dor.


Tudo muito similar à ritualística das escola de artes marciais orientais.  

Outro procedimento que leva à reconciliação são as frases que ajudam a completar a imagem da “solução”. A ressonância com a alma pode de fato instalar-se por meio da linguagem, mas frequentemente só vibra com as palavras que atingem e libertam.

Recitar mantras, princípios de respeito e honra são também atividades relativamente comuns nas escolas de artes marciais.

A temática é muito rica e instigadora, sendo assim, sugerimos alguns vídeos que facilitarão a compreensão maior dessa belíssima ferramenta terapêutica - CONSTELAÇÃO FAMILIAR

O que são campos mórficos da Constelação Familiar?

Mais explicações sobre a constelação familiar ou sistêmica.
https://youtu.be/bHKANryuzjE

Visitem também nossa página de Artes Marciais Integrais da UNATE






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