segunda-feira, 6 de abril de 2020

A “COVID -19” foi, literalmente, um convite para uma profunda reflexão




Um "COVIDE 19" para reflexão


Na antiga história grega, "felicidade" era definida como um estado de alma, onde a realidade menos as expectativas era o que lhe definia, da melhor forma. A felicidade era considerada a máxima virtude, mas algo não permanente; era viver a vida em harmonia e não no sentido intenso. 

Nesta perspectiva, felicidade não era estar sempre apaixonado nas relações, nem estar livre de tristezas e adversidades.


Muito recentemente, vivemos algo inédito nas nossas casas, comunidades e no mundo. Fomos obrigados a nos colocar segregados, em espaços restritos, e nos percebemos compelidos ao uso intensivo da comunicação virtual, pela impossibilidade segura da convivência física com os nossos semelhantes, sentindo-nos com isso, "solitários e muitas vezes infelizes". 


A solidão, sem remédio, tornou-se um desespero, alimento da infelicidade e do medo. Fomos obrigados a nos despojar do que temos de mais precioso, o convívio e a afetividade natural, de quem amamos e com quem nos sentimos bem. 


Nesse sentido, a Covid -19 foi mais do que uma advertência foi uma reflexão, nos colocando frente à frente com fantasmas, que já existiam mas não eram percebidos, pelo nosso cotidiano agitado, pela cegueira para com as intolerâncias, as injustiças sociais, o desrespeito ao meio ambiente e para com a vida...  

Isso tudo, nesta nova conjuntura, pode revelar-se e passou a ser amplificado, afetando dramaticamente, o nosso cotidiano, tenhamos bens materiais ou não, tenhamos poder ou não. 

Os desgastes físicos e mentais passaram a ser insuportáveis: agravou-se a fome, o medos, a solidão; notícias de mortes, informações de prognósticos nefastos e irremediáveis vão nos levando as sensações de pânico e angústia. 

Surgiram taquicardias, dores, apatia, e a polarização de pensamentos e ideologias divergentes, agravaram as intolerâncias... 

Houve por muitos, a busca de ajuda terapêutica, mas o terapeuta também tinha família, medos e tinha de enfrentar a demanda do isolamento social, como forma de proteção individual e de sua família.  Com isso surgiu em muitos a percepção: “Estou só”, o que fazer?


Segundo um pensador indiano, Osho, “A capacidade de estar sozinho assemelha-se a capacidade de amar, isso pode parecer paradoxal, mas para Osho não é. 

Osho diz que essa seria uma verdade existencial, "a solidão é ausência do outro e a solitude é sua própria presença”. 

Para este pensador indiano, viver a solitude permite ao outro a liberdade absoluta, pois saber que se o outro for embora, ambos serão tão felizes, como são nas suas companhias, isso seria libertador e traria felicidade.  


Segundo Osho, a felicidade de cada ser  não pode ser tirada pela falta do outro, porque não foi dada pelo outro. Somente pessoas que são capazes de estar a sozinhas, são capazes de amar, em toda sua plenitude, de compartilhar, de ir no mais profundo âmago da outra pessoa, sem possui-la, sem se tornar dependente do outro e sem ficar viciado no outro.

Teria sido aquele período da pandemia, um momento de experimentarmos a solitude, decantada por Osho, e com isso crescermos como humanos "livres e felizes"? Não sei.  

Além dessa possibilidade de experienciar, na prática a solitude, aquele período foi um momento único nas nossas vidas para reflexões profundas, desenvolvimento da empatia, respeito à vida e ao planeta, e deveria ter sido muito bem aproveitado para nosso crescimento como “Seres Humanos”.  


Acredito que nas situações de emergências, como aquela que experimentamos, em que o direito à vida, ao alimento, até mesmo ao oxigênio, por falta de equipamento médico, foi uma realidade, seria fundamental o afastamento do ego, da ideologia partidária egoísta, deveríamos ter olhado mais para o nosso entorno, e para o que nos caberia refletir e operacionalizar nas nossa vidas. 


Hoje então, movidos pelo que vivemos, nos cabe olhar mais para o lado, apoiar os nossos familiares, amigos, funcionários, auxiliares, vizinhos, conhecidos, que estiverem em situação de vulnerabilidade. Essa deve ser uma lição aprendida. 


Aspectos como: a valorização dos serviços públicos essenciais, da pesquisa científica, da educação pública universal, das políticas públicas de redução da desigualdade social, da proteção ao meio ambiente, devem se tronar mais tangíveis e prioridades a serem cobrada dos nossos governantes e legisladores. 

Com isso nos integraremos, mais harmonicamente, a estes grandes organismos vivos, a Humanidade e o  Planeta Terra, estabelecendo um ambientes desfavorável a novas “Covit-19”, a posturas intolerantes e agressivas, promovendo uma ambiente físico e social mais  favorável ao nosso crescimento interior e a "felicidade".




 Leonardo de Paiva

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