quarta-feira, 10 de março de 2021

Constelações Familiares e a restauração do Amor Original

 




Por Leonardo de Paiva


Os fenômenos que acontecem durante os trabalhos das Constelações são, no mínimo, curiosos. Mesmo os mais céticos sentem a energia do campo (campo mórfico), quando estão no lugar de representantes de outras pessoas, situações, doenças, empresas..., e relatam as sensações que percebem no seu corpo e as imagens que se formam nas suas mentes.





Segundo Bert Hellinger, o sistematizador desta ferramenta terapêutica:

"A Constelação Sistêmica Familiar é uma abordagem terapêutica guiada por uma atitude de amor. Um amor original que inclui a todos, reconhece, honra e traz de volta a dignidade de vivos e mortos”.


Podemos, ao invés de tentarmos definir Constelações Sistêmicas de forma técnica e acadêmica, defini-las de forma poética. Poderíamos, então, dizer que a Constelação Sistêmica Familiar pode ser definida por:


Ser um conector dos amores, que ficaram desligados por um tempo, mas que estavam lá, só faltando reencontrar "a ordem", a tomada certa, a reinclusão, o lugar certo na proporcionalidade correta.




Já o facilitador da constelação é uma espécie de tecelão, "Tecelão do amor", que ajuda na confecção dos pontos do bordado que estabelecem as conexões, que viabilizam o restabelecimento dos vínculos do Amor, que só foram despercebidos por um tempo, mas que estavam lá.

Constelação é sempre... EMOCIONANTE !!!!!!. Não tem jeito de eu me acostumar com a beleza do reencontro com o Amor Original.




Dentre os caminhos que viabilizam o retorno ao "Amor Original" definido por Bert, podemos citar a inclusão, a observação da justa proporcionalidade entre o dar e receber nos relacionamentos e o reconhecimento de quem veio primeiro no sistema.

Mais recentemente, Brigitte Champetier, uma consteladora, que conviveu com Bert por muito tempo, sendo inclusive sua tradutora nas palestras, com a autorização dele, incluiu às ordens do amor "uma quarta lei", que ela chamou de a quarta força, a "Força do Assentimento", que é algo maior que a simples aceitação dos processos da vida, seria a aceitação dos fatos da vida com consciência, identificando as possíveis saídas.

Observo que é impotentíssimo ao facilitarmos este processo de religação, com a força do assentimento, não trazermos peso, culpas, fantasias ou prepotência, além de não agirmos como uma criança, fantasiando, condições de harmonia utópicas, forçando reconciliações, impondo respeito a quem veio primeiro, e a necessidade de trocas justas e proporcionais entre o dar e o receber, para quem ainda não sente esta necessidade, conscientemente.

Essas leis do amor, trazidas por Bert Hellinger, precisam ser conquistadas, trabalhadas e no devido tempo, atingidas por consciência e ou por reverberação.

O próprio Bert diz que a "Alma" tem um tempo próprio, e que muitas vezes, uma constelação precisa de mais de um ano para reverberar em toda sua plenitude.

Estamos acostumados a ouvir que nas relações estremecidas, afastadas, em conflito, sempre há mágoas, raiva, decepção e isso demandaria a necessidade de se pedir um perdão, e a partir daí se obter uma conciliação, mas Hellinger, aparentemente de forma paradoxal, diz que NÃO.

“Não se deve pedir perdão. 
Um ser humano não tem o dever nem o direito de perdoar. 
Nenhum ser humano tem essa obrigação nem esse poder. 
Quando alguém me pede perdão, empurra para mim a responsabilidade por sua culpa e quando digo eu te perdoo, eu me coloco acima da outra pessoa  (…) "          
                                              
                                             BERT HELLINGER
                                                       
 
Eu tentando traduzir o pensamento de Bert Hellinger:

No ato de perdoar, existirá um desnível de cima para baixo, uma postura de superioridade que corre-se o risco de impedir uma relação de igualdade. Pelo contrário, se você diz “sinto muito”, você sai da posição de estar "na frente e por cima" e vai para o lado do outro, preservando assim a dignidade de quem foi ofendido e de quem ofendeu, e desta forma, fica bem mais fácil de se estabelecer um reencontro no devido tempo. Promovendo-se um reencontro, pela força atrativa do Amor ou pelo menos, deixar-se de querer o mal por vingança, rancor... Libertando-se e liberando o outro.





Segundo Bert Hellinger, quem pede perdão transfere a responsabilidade de seus atos para o outro, bem como transfere para ele a possibilidade de aliviar sua própria culpa, pois, após o pedido feito, caberia ao ofendido “aceitar esse perdão” e livrar o ofensor das consequências e dos pesos de seus próprios atos, ou “não aceitar esse perdão” e aí o ofendido carregaria consigo o peso de não o ter perdoado. 

Já dizer “eu sinto muito”, com a alma, tem um bom efeito, similar a um "pedir perdão", porém não deixa ninguém em dívida, não torna ninguém superior ou maior que o outro. A responsabilidade fica dividida, equilibrada e aí sim, pode haver a liberação e a libertação de algozes e vítimas.






Como deveria ser a formação de um Constelador Sistêmico na nossa perspectiva

A duração de uma formação de um(a) facilitador(a) de constelação é relativa, todavia existe um tempo necessário para a aquisição de todas as informações básicas à condução de uma constelação, além de um tempo de maturação e experiência.

Julgamos que, um a dois anos de estudos e práticas supervisionadas, dão conta das primeiras competências, para a atuação profissional, mas o estudo constante e as vivências práticas serão fundamentais por toda uma jornada profissional e vivencial de autoconhecimento.



Sugestões da UNATE - Universidade Aberta do Terapeuta

Vídeo sobre a construção de nossa perspectiva, sobre como poderia ser feita uma capacitação em Constelação Familiar Sistêmica:



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